Quando coloquei pela primeira meus olhos naquelas curvas minha vida mudou. Ainda me lembro do cheiro que me entorpeceu naquele momento. Minha visão se fechou como olhos de águia que visualiza sua presa. Minhas mãos tremiam um pouco. Não sabia muito bem como me aproximar, toda aquela vontade e não saber o que fazer.
Um amigo me levou até perto, disse que deveria a ter em meus braços. Ri, um pouco constrangido, é verdade, mas não sabia nada melhor para fazer. Muito sem jeito cheguei minha mão perto de seu braço. A euforia que tomou conta de mim quando toquei seu braço, sem sentir nenhuma repulsa, foi tão grande que fez o tempo parar. Naquele momento vivi uma eternidade de pura emoção.
O desenrolar dessa historia foi que, sem perceber, fui ganhando intimidade com ela, e achava que ela havia de ser minha, não sabia como dizer para o dono dela que ela não poderia mais ser dele. Pensei em varias coisas, até mesmo em oferecer dinheiro como forma de compensação, mas nada me parecia ser muito honesto. Sentia que ela havia me escolhido e assim que eu tinha direito sobre ela, pensei em raptá-la, porem não via como fazer isso sem que todos soubessem.
Muito pensei, muitas coisas malucas se passaram pela minha cabeça, mas só me restou ir conversar com seu dono que para meu espanto me deixou levá-la, sem grandes problemas, disse que ele nem estava dando atenção mais a ela, e que eu poderia ficar com ela desde que eu a tratasse bem.
Depois disso, tivemos um longo período juntos, eu e minha viola, até que um dia achei que já estava precisando das mãos de um novo cancioneiro, e de que tinha que procurar uma nova viola para compor as canções de minha vida.
Alexandre Alfradique Scotti
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